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SIM, JÁ CHEGUEI À BEIRA DO ABISMO

Sim, estive perto de não estar aqui para contar essa história e sem poder conversar com você. Descobri que sofria de depressão aos 21 anos, começou com desânimo e depois pensamentos suicidas. Tudo muito difícil de entender. Como de uma hora para outra, um jovem cheio de sonhos, motivado, passou a viver com a ansiedade, medo e choro?

Receber essa notícia do psiquiatra não foi fácil. Como aceitar esse diagnóstico, de uma doença que nunca passou pela minha cabeça. Será que eu iria vencê-la?

A partir desse momento, a melancolia passou a ser algo cíclico em minha vida. Os períodos de piora sempre foram muito sombrios, deitado numa cama, trancado no quarto, sem interação social, com aperto no peito, irritado e uma enorme vontade de dormir.

Ouvi muito: isso não é uma doença, procure ocupar a mente, procure algo pra fazer, levanta vai dar uma volta, fazer um exercício. Mas realmente, esses conselhos não ajudam e é impossível de realizá-los quando se está passando pela depressão.

Tentar ser forte, é quase uma autoagressão. Não é uma questão de autoestima, pensamento positivo é doença mesmo, pode chegar de repente e se instalar, e o tempo que vai durar só Deus sabe!

Todos os artigos falam da importância do apoio da família e dos amigos, mas esse apoio deve ser traduzido por empatia e compreensão. O fundamental é reconhecermos que algo que está acontecendo com nosso comportamento e procurar rapidamente ajuda médica e terapêutica. A fé, claro que ajuda, mas não sozinha. O tratamento adequado associado à fé é o que vai fazer você sair do poço e não se afundar tanto, caso a depressão esteja no início.

Segundo a revista Veja, no ano passado a OMS já havia apontado o Brasil como o país com mais deprimidos na América Latina, com 5,8% da população enfrentando a doença. De acordo com o IBGE, as mulheres são as que mais sofrem de depressão: 14,7%, frente a 5,1% dos homens.

Não menospreze seus sentimentos, suas sensações. Sim, pensamentos suicidas aparecem e são concretos. Se você está pensando nisso fale a respeito. Se ouvir algum desabafo não ignore nem se apavore. Lembre-se, acolha e peça ajuda certa.


Basilio Rota, jornalista



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